quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

2011

Que eu possa devolver os livros que tomei emprestado. Que eu não peça a devolução dos livros que emprestei. Que eu tenha dúvidas, melhor do que certezas e falir com elas. Que a fé não seja o cartão furado da lotérica. Que eu faça o medo amadurecer em esperança. Que meus amigos desempregados deixem de comprar o jornal pelos classificados. Que a única corrente que use seja a do balanço para embalar minha afilhada. Que a poesia não fique na estante mais escondida das livrarias. Que eu ligue mais para meus irmãos para falar menos dos outros. Que minha próxima mulher possa entender o que nem preciso falar. Que eu possa usar o terno verde varejeira em alguma festa fantasia. Que eu faça fantasia mesmo acordado. Que minhas letras encontrem coerência no conto da vida. Que eu ande de bicicleta para enxergar a cidade diferente. Que eu não fique cobrando para me aliviar do trabalho. Que eu aprenda a guardar segredos sem jurar por Deus. Que eu tenha menos vaidade e mais realidade. Que eu invente mentiras convincentes para deixar as verdades com ciúmes. Que eu perca o pavor de shopping. Que eu não pense na morte antes de dormir. Que eu volte a rezar sem querer. Que eu não tenha receio de ser ridículo. Que eu faça amigos falando do tempo. Que eu pare de fumar. Que os ex-fumantes parem com os sermões. Que eu escreva nos livros o que os livros me escrevem. Que eu possa brincar mais sem contar as horas. Que eu use somente as palavras que tenham sentido. Que eu prove mais comida nas panelas. Que eu cozinhe mais. Que eu aceite os conselhos da loucura. Que transforme a raiva em vontade de me entender. Que o trânsito não seja sauna. Que eu passe a xingar o pai do juiz no estádio. Que meu time não me engane na última hora. Que eu não precise fechar as janelas na sinaleira. Que eu tenha prazer em visitar minha sogra. Que eu arranje uma namorada pra ir na sogra. Que o domingo não termine com o futebol. Que eu possa caminhar a esmo em minha respiração. Que eu me levante de bom humor. Que eu leve a cama até o café. Que o inverno sejam garrafas de vinho. Que o governo seja suficientemente competente para não ser pivô das conversas. Que eu tenha um show de rock no meu aniversário de 35 anos. Que eu não pergunte a uma mulher sua idade ou se está grávida. Que eu repare nas unhas pintadas e nos cabelos mudados de minha próxima mulher, um dia depois, melhorando assim minha média. Que eu não cante em público. Que a eternidade possa sentir saudades da vida.

Que sejamos felizes.

Hello, We are the Stone Temple Pilots

11 de Dezembro. Mais precisamente 23:40, Scott Weilland subiu ao palco do Circo Voador, no RJ.

Hello, we are the Stone temple pilots, diz o maior frontman dos últimos tempos do Rock n'roll. Já assisti ele, quando ainda era o vocalista da Banda Velvet Revolver. Sei do que tô falando. Acreditem. A expulsão do Velvet, há dois anos, lhe fez bem. Enquanto o supergrupo com integrantes do Guns n" roses empacou, ele lançou ainda um álbum solo e trouxe de volta o STP. Toda a banda, aliás, está com um gás renovado, o que garantiu mais uma daquelas noites épicas de rock em que o Circo Voador foi o principal coadjuvante.

Platéia abaixo e Crackerman, seguida de Wicked Garden e Vasoline. É, eles não estavam de brincadeira. Três socos na boca do estômago de cara, pro delírio do público e, também, pra ganhar logo a parada. 
Coisa de gente grande que sabe direitinho o que está fazendo. Competência até dizer chega.

Com um set list enxuto e nervoso, a banda destilou riffs durante 2 horas num circo voador lotado. Eles tinham sim uma dívida com o Brasil e, creio que eles não sabiam responder, porque nao tinham vindo pra cá antes.

Falando ainda em competência, nenhum desavisado seria capaz de dizer que o STP esteve separado de 2003 a 2008, ano em que se reuniram para apresentações até lançar o último (e homônimo) álbum em 2010. A cozinha formada pelo preciso Eric Kretz (bateria) e pelo pilhadaço (e simpaticíssimo) baixista Robert DeLeo – que fez questão de mandar um belo Garota de Ipanema no bis - mais o incansável Dean DeLeo (parenteses para o Dean DeLeo). Ele não manda bem só na parte rítmica. Um dos cartazes que o público levantou durante o show foi recolhido por Weiland e dizia, em inglês: “não precisamos de outro herói da guitarra”, numa provocação a Slash. DeLeo expressou um carisma forte, em solos firmes e feitos por quem é do ramo. “Still Remains”, por exemplo, que se anuncia um possível mais do mesmo,  ganha uma viagem psicodélica no final de arrepiar. O início de “Intersate Love Song” é também modificado, com a cobertura vocal de Scott Weiland. 

Saldo pessoal: Alma lavada, voz total e irrecuperavelmente rouca durante dias. Feliz, muito feliz. E tinha ainda meus amigos por perto. Parceria total.

Posso dizer que já tive a sorte de assistir alguns grandes shows de rock ao vivo. Esse foi um dos melhores, juntamente com o PJ em 2005 e Faith no More em 2009.


Foi um honesto show de uma banda competente, segura de si e dona de hits excepcionais, que ainda teve o plus de saber se aproveitar disso direitinho.

S. Weiland, tal qual um jogador de futebol após marcar um gol, ao final do concerto, olhou para os céus e fez um sinal da cruz. Teria aquela alma encontrado paz? Better not.


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Radiola na Cozinha

Atendendo a pedidos, a partir de agora, semanalmente, teremos um Setlist (tentaremos ser eclético) para orientar e principalmente influenciar nossos seletos leitores.

Semana 41

Gimme Shelter - Rolling Stone
Radio Free Europe - REM
Mensagem de Amor - Paralamas do Sucesso
She's a Sensation - Ramones
Juju Bone - Danzig
Keep'on rockin in a free world - Pearl Jam & Neil Young
Negative Creep - Nirvana
In my Tree - Pearl Jam
So lonely - The Police
Taper Jean Girl - Kings of Leon
Pain lies on the riverside - Live
Would - Alice in chains
South Bound Saurez - Led Zeppelin
Sour Girl - Stone Temple Pilots
Bold as Love - Jimy hendrix
Candy - Iggy Pop & Katie Pierson
Fell on black days (unplugged) - Chris cornell
Shimmer & Shine - Ben Harper
Bigmouth strikes again - The smiths
Simple Man - Lynyrd Skynyrd
Mr. Browstone - Guns n' Roses
Onde tenho que ir - Nação Zumbi

play it loud!

domingo, 26 de setembro de 2010

Quase Famosos (Ten years gone)


Há dez anos atrás era lançando o excepcional filme "Quase Famosos", longa que concorreu e merecia ganhar o Oscar de melhor filme daquele ano. O filme foi feito por quem ama música e é justamente para quem ama música, em especial o rock'n'roll dos anos 70. A trilha sonora é sensacional (escutar sparks, do The Who também fez diferença pra mim) e acompanha o filme em todos os momentos, de forma explêndida.

Especialista em fazer filmes direcionados a um público jovem, Cameron Crowe fez de "Quase Famosos" um retrato fiel do estilo de vida de rapazes e garotas dos anos 70, direcionando sua atenção para a história de um garoto de 15 anos apaixonado por música que sonha tornar-se crítico da conhecida revista Rolling Stone(sua própria vida retratada no filme) e sai com uma banda - Stillwater - em turnê pelos Estados Unidos. Na vida real, crowe acompanhou em 1973, uma parte da Turne do Led Zeppelin e também do The Who. Várias passagens e cenas antológicas, realmente aconteceram. Uma jornada incrível de se assistir, amparada por momentos divertidos (a cena no avião é nostálgica), dramáticos e, sobretudo, sensíveis e emocionantes.

É um filme obrigatório de se ter. O DVD, que é duplo possuem menus animados  e diferenciados. O disco 1 traz a versão que passou nos cinemas, 3 cenas inéditas, artigos da Revista Rolling Stone, filmografias do elenco e dos realizadores, trailer de cinema e notas de produção. A grande sacada deste lançamento está no disco 2, pois além de trazer o comentário em áudio do diretor, um curto Making Of com cerca de 9 minutos, entrevista com o crítico Lester Bangs e uma compilação dos álbuns preferidos de Cameron Crowe, vêm com uma edição estendida do filme, com cerca de 40 minutos acrescidos, o que deixa esta versão definitiva com 2 horas e 40 minutos de duração. Confira!

Abaixo um trailer que aparece apenas na versão do diretor e um clipe de uma das sensacionais músicas deste clássico.



Robert Plant e o Rock n' Roll


Vamos falar um pouco do óbvio aqui:
Robert Plant continua brilhando e, seguindo o caminho do blues e das raízes da música norte-americana com “Band of Joy”. Apontado pelo próprio Plant como o principal motivo para recusas aos insistentes convites do guitarrista Jimmy Page para uma histórica reunião do Led Zeppelin, o álbum tinha tudo para ganhar a antipatia dos fãs da banda (díficil né?...), mas o que Plant  oferece neste novo trabalho é música de alta qualidade.

É claro que a potência e os agudos tão característicos de seus tempos de Zep não estão mais lá. Talvez, por isso mesmo, tenha reaprendido a cantar de outra forma, projetando sua voz com elegância entre bandolins, violões, dobros, pedal steel guitars, e acordeons. Parece que ele se coloca à serviço dos instrumentos ao longo das 12 faixas que compõe o disco.

Sem as referências do passado, Plant manda muito bem. O disco abre com “Angel dance”, faixa que nos convida a dançar ao som de uma percussão marcada por tambores e muita percussão. “Central two-o-nine”, única faixa assinada pelo cantor, em parceria com Buddy Miller, é acústica, básica. “Silver rider” é a mais longa dentre as canções — tem mais de seis minutos de duração — e traz guitarras reverberantes, além de um belíssimo dueto com a cantora Patty Griffin, que participa de sete canções. "You can't buy my love" remete aos primórdios do rock.

“Band of joy” pode não ser exatamente a resposta que Page estava esperando, mas é sem dúvida uma ótima justificativa para Plant manter a carreira à margem do célebre legado zeppeliniano

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Notas soltas


Há dias em que todas as estações se encontram.
Há dias em que não me lembro de ter nascido. Acho que a memória tem um memória depois dela.
Sempre brigo com os fatos para favorecer minha imaginação.
O amor não termina - esquece de começar. Deve ser por isso que procuro o que não tem lugar.

Li uma vez que, quando um copo quebra, por mais que se recolha os fragmentos, algo ficará piscando no chão no dia seguinte. Não se lava plenamente a memória, nem se consegue varrer plenamente o piso - não se isola a verdade!
Disse dia desses que uma relação terminou porque a queria conclusa - Diz que se esqueceu porque não se permite fiascos.
Dizer que não voltará a fazer é inútil. A delícia dos erros é justamente a reincidência.
Viver é mesmo se cortar. Não contar os riscos. Não há como amar sem dar tempo ao ódio; e o contrário também funciona - faça a prova!

Os pensamentos só surgem da ruína de uma lembrança. E os erros, onde os pontuo mesmo?
Ahh... o erro não existe, o que existe é o medo do erro.
Sigo fechando a melodia de uma vida que não para de se reinventar...mesmo sem direção, ela avisa para onde está indo todos os dias.

A beleza das notas é que elas vivem soltas.

domingo, 12 de setembro de 2010

Untought know


Tem alguns discos, ou mesmo, músicas que dependem do tempo - uma maturação - para que possam criar raízes em nossas mentes. Comprei o Backspacer há algum tempo e só agora tenho escutado, lido suas letras e entendido um pouco a mensagem. Acompanho o Pearl Jam desde 1993. É como se fossem amigos meus de longa data...daqueles que a gente encontra, mesmo que de tempos em tempos, mas tá sempre atualizado com o que se passa - não combinamos, mas sempre discutimos os mesmos assuntos, cada um com seu ponto de vista a ser defendido. Vou defender agora esta música que tem me tomado um tempo (sim, estou tirando ela no violão)

A distant time, a distant space
That's where we're living
A distant time, a distant place
So what ya giving?
What ya giving?

sábado, 11 de setembro de 2010

Perfume de Boto

Sou apaixonado por mistérios como um cachorro pela rodas de carro.

Passeando pelo mercado de Belém, encontrei a verdadeira farmácia popular. Frascos e frascos encordoados para a venda. Garrafadas para derrame, hipertensão, inflamação, diabetes. Adoecia com vontade de testá-las na hora. Um sem-fim de chás curativos, poções miraculosas, receitas infalíveis.

A vendedora lembrava uma cigana.

— Vem aqui, meu bem!
Eu fui, convicto de que ouvir não compromete. Mas compromete, sim.

— Está com problema de conseguir mulher?
— Não, está me achando feio?
— Não, meu bem, a beleza do homem está no cheiro.
— Tô cheirando mal?
— Para de frescura, meu bem…
— O que deseja?
— Dar desejo, meu bem.
— Pode explicar…
— Tenho aqui o perfume do boto. Quer? É um afrodisíaco, nenhuma madame vai resistir.

Comprei para calar sua boca. Até porque meu bem é sempre usado por aquela que deseja o mal. Ela ainda se despediu:

— Meu bem, depois volte para me contar suas aventuras.

Eu não me vi poderoso, mas profundamente idiota, com três potinhos no bolso do jeans, três por R$ 10, um monte de preservativo líquido.

Apressei o passo ao hotel. As ruas estreitas retardavam o raciocínio, notei que atraía atenção como numa micareta. O mulherio controlava minha cintura, mostrava a língua com malícia, lambia o ar, contornando camadas de um sorvete imaginário.
Será que fez efeito antes de usar? Era o volume da calça, o boto já me enfeitiçava, já me tornava superdotado. Meus braços estavam mais leves, coreografados, as coxas socando o tecido.

Analisei o vidrinho: o lago laranja, dentro pendia algo como um camarão. Cheirei, veio uma nuvem de formol e batata frita. Será que as moças gostam disso? De fritada de múmia?

Descrevi a aquisição ao amigo Mauro. Ele largou uma gaitada:

— O óleo é pai d’égua! Feito da genitália do boto.

Mesmo? Como os homens podem se untar com o pau do boto e arrebatar fêmeas? O efeito não é o contrário: não é para chamar gays?

Não irei espalhar pau do boto em meu corpo, nunca. É a própria decadência. Depois ficarei exigente e não terei mais volta: pedirei porra de baleia e pentelhos de tubarão. Não posso ousar. Será triste se colocar uma vez e a namorada adorar e comentar que está comigo pela química.

— Amo seu cheiro, qual o perfume?

O que responder? Que é o Chanel do Norte?

A fragrância exótica prepara o macho para ser um corno manso. A dar sua vida ao boto. A baixar a cabeça e trocar a virilidade da pele ao cheiro de outro saco.
Não aguentarei se engravidar minha mulher. Pensarei eternamente que a criança é filha do boto.

(Crônica de Carpinejar)

ZOSO - Versão Oficial


Genesis Publications anuncia o lançamento da primeira publicação oficial da história fotográfica definitiva de um dos mais emblemáticos guitarristas do mundo: Jimmy Page (Led Zeppelin).


O músico selecionou cada uma das 650 fotos, escreveu todas as legendas e trabalhou no design da edição de luxo. Cada livro é feito de couro e acrílico à mão e vem com seu próprio case de couro.
Os livros estão disponiveis na Inglaterra, a partir de 27 de Setembro. A edição de mais de 500 páginas com numeros de 1 a 350 estão a venda por 1060 dólares, enquanto as edições que vão do numero 351 a 2,500 estão à venda por 602 dólares.

E mais: Ambas são autografadas pelo próprio Jimmy Page Page falou sobre o livro na edição de fevereiro da Mojo: "Eu já tinha visto os livros da editora Gênesis antes e aprecio muito a maneira como eles produzem seus livros, eles são itens realmente de qualidade. Como alguém que sempre esteve interessado em ter uma biblioteca própria, eu aprecio a encadernação e a ética de tudo o que eles fazem e o que estão tentando fazer com um catálogo completo de livros".

...Jimy, você não precisava judiar no preço né?
com que coragem vou pedir este livro de presente???

The 10 Best Ramones Songs of All Time

Dependendo da compilação que você faz, pode ter 15, 25 ou até 50 canções tops para definir o som punk e rebelde do Ramones. É inquestionável a influência desta banda na história da música americana e também no resto do mundo. Esta é uma lista minha, mas pode ser sua também, a partir do momento que você a escutar pela ordem disposta abaixo:

10. “Rock ‘n’ Roll High School”
Diversão, como no filme que leva o mesmo nome da música.
9. “I Wanna Be Sedated”
Para uma música triste, com certeza este som já fez muita gente pirar...!
8. “Beat on the Brat”
De acordo com Dee Dee Ramone, Joey escreveu este som após ver sua mãe correr atras do seu irmão com uma revista grossa de esportes...acho que era pra bater na criaturinha;
7. “The KKK Took My Baby Away
Várias bandas como Pearl Jam e Marilyn Manson já fizeram cover desta musica. Desafio você a achar outro nome para esta letra tão distinta;
6. “I Wanna Be Your Boyfriend”
Mesmo com a fama de zombeteiro, Joey Ramone mostra um pouco de seu romanticismo
5. “Cretin Hop”
Nome de uma rua em minesotta, também faz parte de um filme" SLC punk"
4. “Rockaway Beach”
Dee Dee Ramone escreveu este som, tentando sempre achar "Queens beach"...
3. “Sheena is a Punk Rocker”
 Thurston Moore fez esse cover em Gossip Girl; e fez a coisa certa.
2. “Judy is a Punk”
1 minuto e meio de perfeição
1. “Blitzkrieg Bop”
#1. just it.


sábado, 4 de setembro de 2010

Pra quem gosta messsmo de música!!!

Você é como nós, que tá sempre pesquisando músicas?  - Como foram escritas? do que tratam? o que quer dizer? pra quem foi feito? ... e sempre tem um pavoroso trabalho pra achar???

Seus problemas acabaram!!!

Entra aqui então: www.songfacts.com e descobre aquela música que você escuta e tanto gosta. O Song facts é um reune fatos interessantes sobre músicas e artistas, gravações, com muitas contribuições bacanas!

Acabei de dar uma olhada em Gimme shelter - Rolling Stones  / Bigmouth strikes - The Smiths / Welcome to Paradise -Green Day.

aproveitando já deixo o ultimo som pesquisado pra escutarmos aqui na cozinha,que tá nervosa hoje, enquanto o rango não sai!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Incrível notícia do grunge para alegrar esta cozinha. Jimy já faz riffs e mais riffs por aqui (mailman tocando neste momento).

Depois de divulgarem o repertório da coletânea “Telephantasm”, o Soundgarden revela a imagem da capa do álbum que marca efetivamente o retorno do grupo à ativa. A compilação “Telephantasm” será lançada internacionalmente em 27 de setembro e no dia seguinte nos Estados Unidos.


Na edição padrão em CD o álbum trará 11 faixas já conhecidas dos fãs e mais uma música inédita, “Black Rain”. Essa canção foi composta e gravada originalmente nas sessões do álbum “Badmotorfinger”, mas mantida inédita até agora.(som muito nervoso por sinal...)

O lançamento desta coletânea vai inovar sendo o primeiro disco a ser lançado simultaneamente em um videogame. “Telephantasm” estará disponível no dia 28 de setembro no jogo “Warriors of Rock”, novo título da franquia Guitar Hero.
Abaixo segue os diferentes formatos em que a compilação estará disponível:

CD
01. Hunted Down
02. Hands All Over
03. Outshined
04. Rusty Cage
05. Birth Ritual
06. Black Hole Sun
07. Spoonman
08. My Wave
09. Fell On Black Days
10. Burden In My Hand
11. Blow Up The Outside World
12. Black Rain (previously unreleased)

CD/DVD
Disco 1
01. All Your Lies
02. Hunted Down
03. Fopp
04. Beyond The Wheel
05. Flower (BBC session)
06. Hands All Over
07. Big Dumb Sex
08. Get On The Snake (live)
09. Room A Thousand Years Wide (single version)
10. Rusty Cage
11. Outshined
12. Slaves & Bulldozers


Disco 2
01. Jesus Christ Pose (live)
02. Birth Ritual
03. My Wave
04. Superunknown
05. Spoonman
06. Black Hole Sun
07. Fell On Black Days (video version)
08. Burden In My Hand
09. Dusty
10. Pretty Noose (live on “SNL”)
11. Blow Up The Outside World (MTV “Live ‘N’ Loud”)
12. Black Rain (previously unreleased)

DVD – The Music Videos
01. Flower
02. Hands All Over
03. Loud Love
04. Jesus Christ Pose (original version)
05. Outshined
06. Rusty Cage
07. My Wave
08. Spoonman
09. The Day I Tried To Live (uncensored)
10. Black Hole Sun
11. Fell On Black Days
12. Pretty Noose (uncensored)
13. Burden In My Hand
14. Blow Up The Outside World (uncensored)


Bônus Vídeos
01. Spoonman (mash-up version)
02. The Day I Tried To Live (European version)
03. Superunknown
04. Pretty Noose (international version)
05. Pretty Noose (alternate ending)
06. Blow Up The Outside World (censored)

Tem também uma edição “Super Deluxe” que trará dois CDs, o DVD e mais três discos de vinil em embalagem especial.

Já reservamos o nosso por aqui...

Compras coletivas - Juntos podemos mais!


Já faz um tempo que eu tinha lido a respeito sobre o site Peixe Urbano (http://www.peixeurbano.com.br/), e por acaso, vi uma reportagem na Globo News falando justamente sobre ele! Pra quem nunca acessou, vale a pena.


Funciona assim:
Eles fecham parcerias com diversos estabelecimentos que oferecem algum produto ou serviço por um preço especial (off price), contanto que um determinado número de cliente compre essa promoção.
Quando a quantidade mínima de clientes compra a oferta, a mesma é ativada e cada cliente pode usar o benefício. Desde a criação do site, todas as ofertas foram ativadas. A ideia surgiu nos EUA e está dando super certo aqui no Brasil também.
Atualmente existem 7 empresas deste tipo, muito poucas atuando no Sul do Brasil / Santa Catarina.
 O mecanismo, chamado de compra coletiva visa beneficiar um grupo de clientes e gera além de receita, divulgação para o parceiro. Cada oferta fica disponível para compra durante 24h e pode ser usada por um determinado tempo devidamente informado no site.

Interessante é a explicação sobre o nome: peixe anda nada em grupo e o peixe urbano, seria um grupo de pessoas explorando melhor sua cidade.

domingo, 8 de agosto de 2010

Hey Hey What can i do

Wanna tell you about the girl I love
My she looks so fine
She's the only one that I been dreamin' of
Maybe someday she will be all mine
I wanna tell her that I love her so
And thrill her with my every touch
I need to tell her she's the only one I really love

I got a woman, wanna ball all day
I got a woman, she won't be true, no
I got a woman, stay drunk all the time
I said I got a little woman and she won't be true

Sunday morning when we go down to church
See the menfolks standin' in line
they say they come to pray to the Lord
but when my little girl, looks so fine
In the evening when the sun is sinkin' low
Everybody's with the one they love
I walk the town, Keep a-searchin' all around
Lookin' for my street corner girl

I got a woman, wanna ball all day
I got a woman, she won't be true, no no
I got a woman, stay drunk all the time
I said I got a little woman and she won't be true

In the bars, with the men who play guitars
Singin', drinkin' and rememberin' the times
My little lover does the midnight shift
She ball around all of the time
i guess there's just one thing left for me to do
So I pack my bags and move on my way
Cause I got a worried mind
Sharin'what I thought was mine
Gonna leave her where the guitars play

I got a woman, she won't be true, no no
I got a woman, wanna ball all day
I got a woman, stay drunk all the time
I got a little woman and she won't be true

Hey hey what can I do)
I said she won't be true
(Oh lord, What can I say?)
Hey hey, what can I do
I got a woman, she won't be true
Lord, hear what I say
I got a woman, wanna ball all day

Outro dia útil

Com o fim do casamento, o alívio. O separado recupera sua liberdade. Decidi que vai aproveitar muito o e feriadão que chega.
Depois das brigas, questionamentos e julgamentos, das histerias e infinitas suspeitas entre os dois, encontra-se novamente sozinho para fazer o que quiser. Vem uma alegria de poder sair de noite, barzinhos, aquele amigo que ela não ia muito com a cara..., de não prestar contas e recibos, de viver de uma forma mais relaxada e solta. O separado tem um longo final de semana pela frente. Um delicioso domingo para dormir sozinho e se estirar em linha cruzada pela cama, um delicioso sábado para farrear e beber todas, uma deliciosa sexta para freqüentar a geladeira sem se importar em lavar os pratos em seguida. Tempo de atualizar a agenda e adicionar todo mundo no msn, falar sem parar, tentar entrar no circuito social, apesar dos infinitos anos que o distanciaram da rotina de solteiro.

Quem se separa apenas quer sair do inferno.

Qualquer saída, ainda que desesperada, é uma porção de céu. Os três primeiros dias acontecem de um modo inconsciente e mecânico, em ato reflexo. É um tipo de soltura que lembra férias escolares. Muito bom, mas e depois? Depois o separado entende que sua história não é mais sua, mas partilhada. E sente saudades fisicas, tipo uma dor de rim, entende? E retorna para casa esperando e esperando o outro aparecer de súbito. E observa o telefone como uma tartaruga saindo da casca. Olha ao redor e não identifica mais seu território. Não tem ninguém para conversar, para animar, para contar suas verdades elaboradas. Então, um vazio o empareda num canto. Ele conta com um fantasma intimo ao alcance dos olhos, que  pensa que encontrará no café, no shopping, na locadora, depois de enterrada!

É, o separado tem o dom mediúnico de enxergar fantasmas.

Vai então procurar os amigos antigos e constata que estão casados. Os únicos amigos que têm são casais, também amigos em comum do outro. Não da nem pra xingar. Ele pensa se ainda precisa dela; mas como vai expor o segredo? Ele perdeu confidentes e tenta apresentar força e coragem. Não pode voltar atrás, vai ser orgulhoso na marra, vai lhe fazer bem isso, porque não pode voltar atrás. Não quer mais.
Na verdade, voltaria correndo, como um vício, uma necessidade, uma dependência. Sua indecisão amplia ainda mais o isolamento. Deve ser horrível quando se fica em casa com os móveis da residência, jogando na sua cara o convívio, os lençóis que ainda guardam o cheiro dos dois.

Depois do feriado da separação, deve bater mesmo uma tristeza inconsolável. Porque o amor é um dia útil.

sábado, 7 de agosto de 2010

A Distorção da mensagem

De: Diretor Presidente

Para: Gerente
Na próxima sexta-feira, aproximadamente às 17 hs, o cometa Halley estará nesta área. Trata-se de um evento que ocorre somente a cada 76 anos. Assim, por favor, reúnam os funcionários no pátio da fábrica, todos usando capacete de segurança, quando explicarei o fenômeno a eles. Se estiver chovendo, não poderemos ver o raro espetáculo a olho nu - sendo assim, todos deverão dirigir-se ao refeitório, onde será
exibido um filme-documentário sobre o cometa Halley.

De: Gerente
Para: Supervisor
Por ordem do Diretor Presidente, na sexta-feira, às 17 hs, o cometa Halley vai aparecer sobre a fábrica. Se chover, por favor, reúnam os funcionários, todos de capacete de segurança, e os encaminhem ao refeitório, onde o raro fenômeno terá lugar, o que acontece a cada 76 anos a olho nu.

De: Supervisor
Para: Chefe de Produção
A convite do nosso querido Diretor, o cientista Halley, 76 anos, vai aparecer nu no refeitório da fábrica usando capacete, pois vai ser apresentado um filme sobre o problema da chuva na segurança. O Diretor levará a demonstração para o pátio da fábrica.

De: Chefe de Produção
Para: Mestre
Na sexta-feira, às 17 hs, o Diretor, pela primeira vez em 76 anos, vai aparecer no refeitório da fábrica para filmar o Halley nu, o cientista famoso e sua equipe. Todo mundo deve estar lá de capacete, pois será apresentado um show sobre a segurança na chuva. O Diretor levará a banda para o pátio da fábrica.

De: Mestre
Para: Funcionário
Todo mundo nu, sem exceção, deve estar com os seguranças no pátio da fábrica na próxima sexta-feira, às 17 hs, pois o manda-chuva (o Diretor) e o Sr. Halley, guitarrista famoso, estarão lá para mostrar o raro filme "Dançando na Chuva". Caso comece a chover mesmo, é para ir pro refeitório de capacete na mesma hora. O show será lá, o que ocorre a cada 76 anos.

Aviso para Todos
Na sexta-feira, o chefe da Diretoria vai fazer 76 anos, e liberou geral pra festa, às 17 hs no refeitório. Vai estar lá, pago pelo manda-chuva, Bill Halley e Seus Cometas. Todo mundo deve estar nu e de capacete, porque a banda é muito louca e o rock vai rolar solto até no pátio, mesmo com chuva.

domingo, 25 de julho de 2010

Parabéns "Back in Black" - Thirty years gone


Aqui na cozinha, estamos todos pulando, air guitar, air tudo, com o som no máximo, reverenciando AC/DC e sua contribuição para a história do Rock. (Abaixa um pouco o som aí Page, pra eu poder me concentrar nesse post...se é que vai dar!)

AC/DC é uma banda de rock formada em Sydney, Austrália em 1973 pelos irmãos Angus e Malcolm Young. O resto posso dizer que é história. E são muitas. Eis aqui uma sobre um disco especial.

O disco mais famoso da banda "Back in Black", está completando 30 anos. Inclui hits como "Hells Bells", "You Shook Me All Night Long" e "Back in Black". É considerado o segunda álbum mais vendido da história, perdendo para Michael Jackson, se não estou enganado. Alguns fatos por trás deste monumento do heavy metal:

O primerio vocalista, Bon Scott faleceu a 19 de Fevereiro de 1980, após consumir na noite anterior uma grande quantidade de álcool. O grupo considerou por algum tempo a separação, mas rapidamente o ex-vocalista dos Geordie, Brian Johnson, conhecido por sua voz de "Pato esganiçado", foi selecionado para o lugar de Scott. A produção do disco já havia começado com Scott e Brian finalizou juntamente com o resto da banda o albúm que viria a ser o mais conhecido e também o mais rentável. A gravação ocorreu no Compass Point Studios em Bahamas.

O disco vendeu mais de 44 milhões de cópias ao redor do mundo, ganhando inúmeros prêmios. Quem eu penso que mais ganhou fomos nós mesmo e a história do Rock, a partir deste disco que marcava a continuação de uma das melhores bandas de heavy metal - sempre com um rock despretencioso, provocativo e muito mulherengo.

São Dez canções, todas compostas em um momento único da banda, que podemos chamar de auge.

Me falta a pena do Escritor!


Escritor, você que todos os dias, inspirado ou não, lança sua sorte e sua alma à escrita, muito obrigado!. Não tem jeito, é fenômeno sobrenatural, é dom, talento - podemos chamar de todas as formas, mas não há como negar que você é quem nos alimenta a partir de suas crônicas, seus contos, suas notícias e nos faz verter sentimentos e sonhar, enlevados em poesia… Quando você escreve presta serviço à humanidade, perpetuando a história. Gosto de caminhar sem pressa pelos textos, tentando codificar movimentos, aprendendo sobre prosa e verso e catalogando sentimentos;

Escritor, você que não nos abandona, e que em sua companhia tantas vezes ficamos consolados com a cabeça no travesseiro viajando em suas palavras e seus enigmas, a nos empurrar para o significativo mundo das idéias. Amigo de todas as horas, o poeta sem destino, condutor de emoções… De onde vem essa força que escreve nas linhas da eternidade, que desvenda ilusões e reinventa tantas vidas dentro de tantas vidas? Um sopro divino, um mimo do Criador? ... uma eterna ventura na alma de quem lê;

Escritor, escreve e faze-o para todo o sempre.
Escritor, escreve que estamos aqui, ávidos para lê-lo.
Escritor, escreve e não pare jamais, não desista de nós.

... por vezes tão negligentes, somos seus leitores eternos e carentes.

Escreve escritor, ser de alma erudita e paciente.

domingo, 11 de julho de 2010

Save the Ocean



Hoje acordei cedo, contemplei mais uma vez a natureza.
A chuva fina chegava de mansinho, ou será que se despedia...estava sonolento ainda!

O despertar de um novo dia traz sempre um ar de reflexão.
Enquanto isso, o meio ambiente continua pedindo socorro.
É sempre o homem construindo e destruindo a sua casa.
Poluição, fome e desperdício deixam o mundo frágil e degradado.
Dias mais quentes aquecem o “planeta água”.
Desiquilibrio entre capitalismo e a ganância geram desperdícios de vida.
Tenha um instante com a harmonia.
Cuide bem da natureza que está do seu lado. Faça isso por você, por mim, pelo que ainda virá depois da gente.

O laço essencial que nos une é que todos habitamos este mesmo planeta. Todos respiramos o mesmo ar. Todos nos devemos nos preocupar com o futuro. Todos somos mortais.

Na Garupa


Na saída do cinema, no centro do Rio, um jovem anda de mãos dadas com sua namorada. Dispersa um dos braços e retira o cadeado de sua bicicleta.


A menina observa constrangida o desenlace das rodas do poste. Um nervosismo suspeito, negando a firmeza do queixo.
- Quando você me ofereceu carona, achei que tivesse um carro.
- Você tem um motorista, já é alguma coisa.
Não havia banco de trás, qualquer outro apoio formal. Ele abriu seus braços e ela sentou de lado, na barra da bicicleta. Antes de pedalar, o rapaz a protegeu de uma chuva imaginária. Foi um abraço de garoa, gentil e compreensivo. Até a esquina se espichou para olhar.

Ela estava novamente surpresa. Agora de ternura.
Partiram lentos. O som multiplicando os aros.
Foram devagar, para a casa demorar de propósito. A casa não dependia de mais nada.

O ladear chinês da bicicleta, a montaria altiva, a aceitação da própria condição financeira sem recalque ou decepção. Uma elegância que nunca será superada por quem puxa a cadeira ou abre a porta do carro a uma mulher.

Não faço idéia do nome, da idade e do time de futebol daquele rapaz, mas ele virou meu ídolo. Dentro de mim, as calhas se encontraram.

Quando criança, não aceitava a garupa. Era sinônimo de imaturidade. Ia nas costas da colega que morava na mesma rua. Ia por obrigação. Ou não alcançava o horário da aula. Louco para chegar e abandonar o papel de coadjuvante. Só quem dirigia existia, eu não.

Recebia contrariado o pedido de não balançar para nenhum lado. Compreendia a garupa como uma limitação obediente.O desequilíbrio e a culpa do tombo seriam exclusivamente meus. O que indica o quanto sou despreparado para receber da vida a própria possibilidade de ser levado. De confiar em quem me leva.

Não se pode trair uma alegria. Mas eu a desobedeci por desejar aparecer. Esqueci que um casal numa bicicleta forma uma única sombra. Hoje aceito carona. Flertar o vento, e deixar as pálpebras ao léu, úmidas de vida que existem nas ruas.
 
por Fábio Carpinejar

sábado, 10 de julho de 2010

Mas eu não vim até aqui pra desistir agora!

Eu preciso aprender a ser mais egoísta.
Eu preciso acabar com o resquício de preconceito, que ainda tenho sobre algumas coisas.
Eu preciso bloquear alguém no msn urgente.
Eu preciso começar a tocar gaita rapidamente.
Eu preciso ser insistente com as coisas, sem parecer um chato em demasia.
Eu preciso esquecer o passado recente.
Eu preciso entender que um não, necessariamente não fecha a porta.
Eu preciso comprar outro violão e ensinar meu pai, talvez.
Eu preciso ajudar outros a se ajudarem, antes que seja tarde.
Eu preciso dar um pouco da minha cara no novo apartamento.
Eu preciso comprar aquele cd do Stevie Wonder, que escutei ontem.
Eu preciso falar pra ela, sem rodeios, o que eu espero dela.
Eu preciso tomar um vinho bem caro, só pra dizer que não muda nada.
Eu preciso arranjar um bom pintor.
Eu preciso visitar amigos que moram na Holanda, porque sinto saudades.
Eu preciso ligar para a minha mãe, todo santo dia, por saudades também.
Eu preciso destas coisas e de outras que me forem entregues.
Eu preciso ir até o fim.

Vindo do trabalho, na van que me levava pra casa, altas horas da noite, eu escutei Engenheiros. Longe de mim,  morrer de amor por eles, mas eu preciso dividir com vocês esta musica, pois ela precisou chegar até mim, por algum motivo.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Retrato de um Amigo

… cara, se tem uma coisa que não agüento mais é ser errante. Essa filosofia das múltiplas escolhas me cansou. É por isso que neguinho inventou essa história de alma-gêmea. Assim fica fácil: ela é minha alma-gêmea, não preciso tentar mais nada. É ela e ponto. Já reparou que todo mundo encontra a alma-gêmea e – mais dia ou menos dia – termina com ela? Eu tenho certeza que não existe alma-gêmea. Ninguém é a mulher da minha vida. Imagina só se a mulher da sua vida nascesse na Coréia do Norte. Porra, você nunca iria conhecê-la e ia ficar tentando sempre com as erradas. É por isso que eu não acredito: as almas-gêmeas sempre nascem no mesmo país, ou têm amigos em comum, ou moraram perto em alguma fase da vida ou coisa parecida. Todo mundo que acredita nisso escolheu quem é a pessoa para ficar para sempre. Ainda não vi um casamento de oitenta anos que nasceu de um magnetismo tão forte que aproximou o casal.

Presta atenção: se você olhar bem, aqui no Jobi tem um monte de gente que qualquer um de nós dois poderia namorar. Olha naquela mesa, a Roberta que estudou com o André na PUC, que o Rafael pegou naquela chopada de Desenho, lembra? Eu poderia namorar com ela. Ela é muito gata, e eu acho que é muito inteligente. Em princípio, eu não preciso de nada além disso. O que não dá mais é ficar rodando de bar em bar, nessas boates de merda e nas festinhas na esperança de conhecer a nova mulher da minha vida. Eu não estou aproveitando nada; fico só caçando, procurando, chegando, pegando e no dia seguinte deixo tudo de lado. É muito gasto de tempo, energia e dinheiro à toa.

Mais do que isso, essa invenção de alma-gêmea é a mesma coisa que a história do Don Juan. A mesmíssima coisa. Só que ao contrário. Não ri que é sério. O cara que sai pegando todo mundo, dizendo que não precisa de ninguém, que não quer se comprometer, no fundo é o mesmo que diz que encontrou a mulher da vida. A mesma babaquice. Só que um não encontra ninguém e o outro encontrou alguém pra sempre. Meu irmão, as duas possibilidades são terríveis! Eu quero poder me apaixonar por várias mulheres, tentar com várias, casar com várias. Esse negócio de ter um monte ou ter uma exata pra viver pra sempre é muito angustiante. Além do mais, o Don Juan sempre acaba se apaixonando por uma. Lembra do Marcelo? E o casadão sempre acaba se apaixonando por outras. Ah! Disso tem um monte de exemplos!

Eu me orgulho de ser autêntico. Tive cinco namoradas, quis casar com duas, casei com uma, fui apaixonado por todas e amei três. Eu e a Sofia terminamos há sete meses e não tenho a mínima idéia de quanto tempo vai demorar pra eu começar a namorar. E isso é complicado, você não viu o Paulo? O maluco ficou tão desesperado que quase começou a namorar só pra não ficar mais um mês solteiro. Ia namorar aquela baixinha só pra namorar. Deu sorte que aos quinze minutos do segundo tempo da prorrogação conheceu a Maria. Estão felizes de dar gosto. Parecem que nasceram um para o outro. Eu prefiro não ter que passar por esse desespero.

Pra mim, casamento quando dá certo é porque a amizade deu certo. As pessoas passam cinqüenta anos juntas porque são amigas e não namorados. É a maior balela esse conselho chavão de que estão juntos porque são eternos namorados. Isso é impossível. Namoro é período de reconhecimento, como no início de uma luta de boxe. Você fica observando como o outro reage aos golpes, aprende os atalhos, descobre os pontos fortes e fracos; vai se adaptando. Sem adaptação, é fim de papo. Depois que se adapta, não é mais namoro, e sem amizade já era também, meu irmão. Só a amizade pode proporcionar tantas coisas que são suficientes para manter um relacionamento vivo durante muito tempo.

Nem eu quero ficar pensando em casamento, cara. Longe de mim! Mas é que uma coisa vai levando a outra, você sabe como é… Você entendeu a história de alma-gêmea? Já escutou "Love will tears us apart" do INXS? É que tem gente que não entende. Eu explico, e não entendem…

(Conto de João Paulo Duarte)

Curtas do Futebol


Copa do Mundo em 1958.
Intervalo de jogo. O técnico Vicente Feola está dando instruções aos craques da Seleção Brasileira no vestiário. De repente, vira-se para Garrincha:
- Você, Mané, vai avançar mais pelo canto. Daí...
Ao observar Garrincha resfestelado num banco, lendo um gibi do Zé Carioca, sem nenhuma preocupação, o treinador irritou-se:
- Bem, Mané, então faça o que quiser, tá.
Garrincha fez um sinal de positivo com a cabeça. Na hora do jogo fez o que quis e o Brasil ganhou fácil.


Conta-se que na equipe do Juventude de Vila Lenira dos anos 70 havia um jogador apelidado de Kolynos, que sabia do riscado e um cabeça-de-área com excelente visão de jogo.

Certa vez, jogando em Novo Brasil/ES, o treinador Caliari teve o lateral direito lesionado e enquanto aquecia outro atleta, pediu que Kolynos caísse por aquele lado até que ele fizesse a substituição. Depois do aquecimento e entrada do novo atleta, o treinador percebeu que Kolynos estava estendido no chão. Preocupado, correu em sua direção para socorrê-lo e questionou:
- Kolynos, você está machucado?
Para seu espanto, Kolynos muito sério respondeu:

- Não! Você não pediu que eu caíse por aqui? Foi o que eu fiz.

domingo, 20 de junho de 2010

Ele e as viciadas

Meu nome é Dercy. Gonçalves é a puta que pariu. O pau mais gostoso é o circuncidado. Toda mulher precisa chamar a atenção de alguma forma. A forma da bunda, dos seios, do abdômen. Eu queria ser reconhecida pela forma dos pés, então sempre deixo os pés de fora. Mas poucos homens dão valor aos nossos pés, então, por via das dúvidas, dou uma valorizada no resto. Tem mulher que se julga auto-suficiente, eu não, eu preciso de homem. E homem não tem que ser isso, nem aquilo, tem que ser homem. Ser homem é ser homem, só se aprende com uma mulher. Não com duas, nem com três: com uma.

Meu nome é Cleide. Gosto de homens assim-assado. Assim como o Richard Gere e assado lá na minha cama. Sou fogo. Não posso ver um homem bonito que quero logo dar pra ele. Alguns ficam com medo de mim. No início, todos, na verdade. Aí eu vi que homem não dá conta de mulher oferecida demais não. Homem também precisa de preliminar: se você disser “me come” no meio da rua, a maioria broxa. Não, eu nunca disse “me come” no meio da rua. Só na calçada.

Meu nome é Fátima. Gosto mesmo é de mulher. Nada contra homem, eu já tive uma porção, mas mulher que é bicho bom. Com mulher a gente pode ficar horas e horas nas carícias, os homens têm sempre aquela preocupação da coisa cair, não levantar nunca mais, as carícias na maioria das vezes são pura burocracia. Eu gosto é de gozar. E nunca fui muito boa nesse negócio de gozar com penetração. A maioria não é, você sabe. Muitas fingem. Eu não gosto de fingir. Com mulher, gozo bem mais. Tenho uma amiga que diz: “Gozar não é tudo”. Coitada dela. Casou com um idiota do mercado financeiro. Só deve gozar no bidê.

Meu nome é Zenaide. Eu me masturbo às segundas e quartas. Se ninguém me ligar, eu mesma ligo pra mim. Esses celulares novos são bem melhores que os antigos. A gente vai ficando mais exigente, né? Não vejo a hora de ter um I-phone. Uma amiga minha americana falou que é o melhor. Vibra uma barbaridade. Eu tenho medo de ficar viciada. Agora, preciso ligar de cinco a seis vezes pra conseguir falar com ela. Mas quando ela diz “alô”, nossa, aí é que você percebe que a coisa é boa.

Bom, eu sou circuncidado. Achei lindos os pés da Dercy. Quando uma mulher diz “me come”, eu como na hora. Com muitas carícias, porque mulher gosta mesmo é de gozar várias vezes. Eu não me masturbo. Prefiro encontrar uma voluntária. Ah, desculpe, meu nome é Juveninho. Mas meu novo apelido é I-phone.

(Conto de Felipe Brasil)

sábado, 19 de junho de 2010

Energize-se!!

Mensagem do dia:

Um milhão vezes zero é zero. Ou seja: não coloque sua intensidade onde não tem nada.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

High Tide or low Tide

Durante toda minha vida,
muitas pessoas passaram por mim,
dia após dia. E ainda passam.

Mas somente algumas dessas pessoas,
ficarão para sempre em minha memória.
A essas pessoas, eu chamo de amigas,
e as levarei para sempre comigo, cravado no peito

Às vezes pelo simples fato de terem
cruzado meu caminho,
às vezes pelo simples fato de terem dito
uma única palavra quando eu precisei.
E nem sempre a melhor palavra é a de alento.

Às vezes por ter me dado um minuto de sua atenção,
e me ouvido falar de minhas angústias,
medos, vitórias e derrotas...muitas.

Às vezes por terem confiado em mim,
e me contado também seus problemas,
angústias, vitórias, derrotas...também, muitas!
A isso eu chamo amizade.

E amigos de verdade,
ficam para sempre, asim como as pegadas na alma,
que são indestrutíveis.

À você, que é importante para mim.
Eu te adoro muito.
Sua amizade para mim tem um valor enorme,
e nada que eu possa dizer à você,

Pode ser tão especial ou mais significativo
do que sua amizade é para mim.

Um passeio por Andaluzia


Rodávamos o museu há mais de duas horas e preparávamos-nos para sair e continuar nosso passeio pela cidade. Achávamos que não havia mais nada para ver lá dentro, mas insisti que não havíamos passado por uma ala no térreo. Ela confiou e fizemos a curva. Enquanto olhava o quadro imediatamente à minha esquerda, acho que era algo espanhol do século passado, juro que não me lembro, logo em seguida ela suspirou, colocando a mão no colo, e me chamou para ver.

Sentei-me no banco em frente e vi. Que coisa mais linda é esta mulher eufórica pela beleza do quadro. Ela olhava para o quadro, depois para mim, para mostrar felicidade e talvez reparar na minha reação. Eu estava perplexo, apaixonado, idiota de admiração, feliz por ter sugerido a curva e de ter o privilégio de viver esse momento. Ela alternou o olhar entre mim e o quadro mais algumas vezes. Eu sorri infantilmente, não consigo também parar de reparar em todos os detalhes da beleza, do sorriso, do corpo quase trêmulo de satisfação e de eu ser o único homem que tenha parado, reparado e vivido isso. Posso me gabar; por mais que ela tenha outros tantos homens na vida – eu é que a vi contemplando algo tão importante. Foi comigo que ela procurou compactuar deslumbre. Não pensei em contar as dezenas de minutos - muitos! - que fiquei naquele banco. Nunca fiquei tão extasiado frente a um quadro, nunca tinha amado tanto uma mulher.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

SWU - O Brasil entra na Rota dos Festivais

Confirmado.
Após termos, aqui no blog, passado informações sobre Woodstock a realizar-se no Brasil este ano, viemos hoje com notícias concretas pra dividir com vocês. Aqui na cozinha, estamos todos já "no esquenta" e esperando. Vamos lá:


SWU (Começe por Você), será um movimento de conscientização em prol da sustentabilidade e também um Festival de Música e Arte. Destacamos que é o primeiro evento desse porte a ser realizado no Brasil. 
Você vai perguntar: - Mas por que em o nome em Inglês? - Globalization my friend...
Hoje, através da coletiva de Imprensa, Eduardo Fischer, idealizador do SWU, comentou que o nome tem mais alcance internacional em inglês, e que também deverá acontecer em outros países futuramente.

Mesmo assim, consideramos muito importante este evento, porque a linguagem e o conteúdo deste movimento é diretamente voltado ao público jovem, que efetivamente pode ajudar o planeta nos próximos anos/décadas.
Não entremos em discussão sobre meio ambiente e sustentabilidade, pois hoje em dia, já tem muito charlatanismo, até mesmo em cima de assuntos ecológicos.
Pode até ser uma publicidade Ecochata (tá bom, mas não se empolga Jonesy...), mas acreditamos sim, no poder de mobilização das pessoas.

O que achamos interessante é o Brasil na rota de grandes festivais, como PinkPop (Holanda) Glastonbury (UK) e Coachella (USA). É mais visibilidade para as turnês de bandas internacionais e também do nosso som tocando lá fora. Bom pra todo mundo!

Abaixo, disponibilizo alguns dados importantes sobre o Evento:

 -  O Festival será realizado entre os dias 09 à 11 de Outubro (Sábado, Domingo e Segunda). Lembrem que dia 12 é feriado!
 - O Evento será na cidade de ITU, cerca de 70 km da cidade de São Paulo.;
 - O Nome do local chama Fazenda Maeda, com aprox. 200 mil m². (www.pesqueiromaeda.com.br)
 - Serão quatro palcos, sendo dois abertos, um fechado e uma tenda eletrônica;
 - Camping para 8 mil pessoas;
 - Estacionamento para 30 mil carros;
 - Mais de 8 mil leitos, num raio de 70km (região Itu);
 - Banheiros com chuveiros;
 - Segurança com câmeras 360°;
 - Alimentação (grandes marcas estarão presente na parte de conveniência);

Agora sim, começamos a falar de MÚSICA messssmo!!! Foram confirmadas as primeiras 4 atrações das 60 previstas para o Festival. Isso mesmo, 60 atrações no total!

As bandas são:

PIXIES 
INCUBUS 
DAVE MATHEWS BAND
LINKIN PARK 

Hoje na coletiva, Eduardo falou sobre a vinda do Pearl Jam. Ela não está totalmente descartada. A Banda se mobilizou com o projeto, disponibilizando a música "Just Breathe", como parte do comercial que já está vinculando na mídia.  O que acontece, é que um integrante da banda está casando este ano e a banda deve entrar num pequeno recesso. Se não vierem para a abertura do Festival (é o que se cogita de forma off-line), eles virão no primeiro trimestre de 2011.

O Evento conta com grandes patrocinadores, e outros ainda entrarão neste circuito, até que começe a ser vinculado em nível nacional.

Daqui seguimos apreensivo, esperando a confirmação de outras bandas, como Rage against the Machine, Foo Fighters, Bob Dylan, Stone Temple Pilots, Blur, Radiohead, entre outros...são tantas!!!

Mais informações, siga no twitter: @SWUbrasil, @EduardoFischer.
www.swu.com.br

Passou agora pela nossa cabeça, fazermos uma excursão...quem sabe! Boa Page, boa idéia..Flw!

Selecionamos dois momentos: Pixies, no Isle of Wight (Festival inglês) em 2009 e Incubus, no Hove Festival (Noruega)



terça-feira, 8 de junho de 2010

Stop Making Sense - Talking Heads

Hoje, dia 08/06, faz exatamente 35 anos, desde o primeiro grande show do Talking heads, onde eles abriram pro Ramones em NY. O Talking Heads fez a sua criação com a mistura do punk, rock, pop, funk, intelectualismo, e no final da carreira, com a world music. Desde 1978 o grupo trabalhou com Brian Enno, produtor musical de grande competência e que posteriormente trabalhou com U2 em diversos álbuns.

Em 1983, a banda lança o disco "Speaking in Tongues", com singles entrando diretamente entre os top 10 americanos. Deste disco, nasceu uma das melhores turnês de rock da história (Stop making sense), que inclusive gerou um documentário, dirigido por Jonathan Demme, que mais tarde ganharia o oscar com o filme "O Silêncio dos inocentes".
A Banda lançou outros discos, menos expressivos e alguns hits; um deles "Radiohead" deu nome a banda liderada por Thom yorke - Radiohead.

A banda terminou em 1991 e David Byrne, líder da banda, continuou em carreira solo tendo sempre uma veia experimental como vetor de suas composições. Byrne aprecia bastante nosso país, tem casa por aqui e já fez parcerias com alguns artistas brasileiros (Tom Zé, Caetano Veloso).

Ano passado, David Byrne lançou um livro que vem bem a calhar (Diários de Bicicleta), numa época em que grandes cidades não suportam mais veículos motorizados, e a poluição gerada por eles. Trata-se de sua experiência sobre duas rodas onde, com sua bicicleta, conseguiu conhecer melhor cidades como Berlim, Buenos Aires, San Francisco, São Paulo, Manila, Istambul, entre outras, ampliando a percepção dos ritmos locais e características de cada uma delas.

A seguir, uma das primeiras composições e também a mais conhecida da banda, durante a turnê Stop Making Sense.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Leia no volume Máximo

Ainda hoje, li uma frase de Ferreira Gullar: "A Arte existe, porque a vida por si só, não basta". O post de hoje é sobre contos.

O Conto caracteriza-se por ser uma narrativa curta, um texto em prosa que dá o seu recado em reduzido número de páginas ou linhas. Todos os ingredientes do conto levam a um mesmo objetivo. Assim, a existência de um único conflito, de uma única “história” está intimamente relacionada com essa concentração de efeitos e de pormenores; "É gênero difícil, a despeito de sua aparente facilidade", afirmava Machado de Assis.

Abaixo, indico dois livros de contos que reunem ingredientes perfeitos. Música e Literatura.


“Como se não houvesse amanhã”, foi organizado pelo escritor carioca Henrique Rodrigues e traz vinte histórias inspiradas em músicas da Legião Urbana, cada uma escrita por um autor diferente. Além de ser uma homenagem à banda, o livro é também uma amostra do que há de mais novo na literatura brasileira contemporânea.

A exemplo das músicas da lendária banda formada em Brasília, os contos tratam de temas universais como amor, perda, revolta, indignação, morte. E, assim como as canções da Legião Urbana, os vinte contos deste livro são profundos, inquietantes e belos. E todos foram feitos para serem lidos, tendo a Legião Urbana como som de fundo. Acho interessante a proposta. Eu sou fã da música Quase sem querer, que infelizmente não aparece no livro, mas esta compensada por outras baladas inesquecíveis, como Eduardo e Monica, Faroeste Caboclo, Há tempos, Pais e filhos, Sereníssima entre outros sucessos.


Que as músicas de Chico Buarque inspiraram e, continuam inspirando muitos artistas, isso ninguém pode negar. O fato é que agora tudo está virando um livro. Exatamente, hoje, dia 07 de junho, começa a chegar as livrarias o livro de contos "Essa História está diferente". Este trabalho foi patrocinado pela Caixa Econômica Federal, e conta com escritores brasileiros e estrangeiros, numa seleção de 10 contos.
Alguns contos se baseiam fielmente nas canções criadas por Chico, outros usam as canções como trilha sonora, cenário e atmosfera, outros emprestam delas a estrutura, e há os que utilizam as canções diretamente como mote. Carola Saavedra, João Gilberto Noll, Luis Fernando Verissimo são alguns escritores que participam desta obra.

Abaixo, tem um trecho por Luis Fernando Verissimo, inspirado na música "Feijoada completa".

Carolina olha Pedro dormir. Está acordada há tempo. Tem dormido mal. Acorda várias vezes durante a noite. Está assim desde que tomou a decisão de deixar o Pedro. Não sabe como dizer que vai deixá-lo. Que não pode mais, que não aguenta, que chega.
— Pedro…
— Ahn.
Carolina não consegue ir adiante. Pedro está sorrindo. Dormindo e sorrindo. Até dormindo o filho da puta é simpático. Dizer o quê? “Pedro, acorda que eu quero te dizer uma coisa. Eu vou embora. Nosso casamento acabou, viu? Não deu certo. Ponto final. Agora pode voltar a dormir.”
Não. Melhor deixar para outro dia. Ou não dizer nada. Ir embora e pronto. Telefonar da casa da Milene, dizer pelo telefone. Isso. Sem precisar ver a cara dele, sem ele poder mexer com o cabelo dela e dizer “Carol, Carolzinha, o que é isso?” como sempre faz quando ela perde a paciência com ele. Com voz de injustiçado. Isso, melhor dizer pelo telefone. Sem remorso.
Não. Agora. Tem que ser agora.
— Pedro.
— Quê?
— Acorda.
Ele abre um olho.
— Que horas são?
— Não sei. Sete.
— Sete? Ó, Carol! Hoje é sábado!
É mesmo. Ela tinha esquecido. Sábado. Dia de acordar tarde. Dia do futebol dele. Dia de feijoada depois do futebol. Ela botara o feijão de molho na noite anterior, como fazia todas as sextas-feiras. Como podia ter esquecido? Era a falta de sono.
— Dorme, vai.