sexta-feira, 10 de junho de 2011

Aos Amigos, porque é Sexta Feira




Não havia madrugada boêmia em Joinville, sem o lanche do Magrão Lanches, que ficava em frente a boate do Tênis [pausa para saudade deste tempo]. 

Em seus recintos confluíam bêbados de todas as classes sociais. Dava de tudo. Para nós, na época adolescentes cheio de energia, a última tentativa de um "approach", que raramente funcionava, pois a língua já era travada. Enfim. Disse isso, porque era na Sexta feira, que a vida ganhava cor, mais energia, mais risos, mais telefonemas (não havia celular ainda).


Entre brahmas e cubas, a "galera" ia se animando pro embate. Era uma guerra, mas era branca. Era interna. Era eu tentando desde sempre, seduzir o mundo e procurando um lugar pra ser absorvido. Eu tenho saudade. Você também têm. Como dizia Mário Quintana, o tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...

Me parece, vendo o dia de hoje, que o entardecer da sexta é o supremo momento da libertação, quando a última luz do poente se esconde por trás do biombo azul da Serra do Mar, que se demonstra a mim agora.


Basta raiar a aurora de uma sexta-feira e a sua exclusiva atmosfera começar a penetrar no ser humano a “comichão” do bem-viver, que se irradia pela pele e que repercute nos lábios sedentos, anunciando o primeiro "gole". Baco tinha razão em suas incursões etílicas. Existe um prazer ao redor do copo, ao redor dos amigos, ao redor do calor humano.


Bom, hoje é um dia pra se beber sem culpa, se assim posso inserir tal afirmação. É certo que os mais “descompromissados” começam bem cedo. Antes do meio-dia, já enforcam o serviço, suspendem as obrigações e estacionam em algum alambique amigo, na orla do mar ou no Mercado público. Pode notar também que [ritual sagrado], onde estiverem, há de ter também o tradicional “golinho” lançado ao chão, para dar de beber aos mestres que já se foram (a xepa dos santos).

Assim como há, na liturgia cristã, o momento certo de erguer o cálice, há na vida “paisana” o momento ideal para fazer a escolha da bebida certa. Era o que também dizia o poeta Vinicius, só que a propósito de mulher:

 - Bonitonas ou bonitinhas, todas têm a sua vez ao longo de 24 horas…

Bebida é igual. E bebida tem muito a ver com a hora e com o dia. É como roupa para a mulher[paro por aqui]. Cada "drink" deve ser servido no copo adequado – e com gelo de máquina, prontinho para ser fotografado para alguma revista colorida.

O gim-tônica, por exemplo. É bebida de verão. Mojito também. E só se deve tomá-lo antes do almoço, e um só, de preferência de frente para o mar, “aos sábados, domingos e feriados”.

Chope também tem hora e estação. É bebida para a primavera-verão. Um “estupidamente-gelado” não combina com o inverno, diante do horror que causaria ao “rito” o cidadão ter que usar luvas para segurar o copo. Num dá né?

Conhaque é bom pra se tomar no Inverno – de preferência com a lareira acesa, antes que nos enrosquemos com nossa “coberta de orelha”, naquele nunca "assaz" repetido exercício que gerou a humanidade. Dia desses escutei "dormir de motoquinha", nada haver com o post, mas eu curti.


Voltando, as bebidas brancas, como o marvada da cachaça, têm lá a sua vez – embora prefira os uísques, de bom caráter e índole (aquele âmbar ao som do chacoalhar do gelo). A vida corre melhor, parece...


E como hoje já é sexta, véspera da glória do sábado, quando o bar vira o lar, ergo um brinde aos filósofos e apóstolos de bar,  a todos estes seres iluminados, figuras míticas de butecos espalhados por aí, que sabem enxergar com extrema lucidez os caminhos da embriaguez.

E como diz o filósofo, vamos pedir a saideira que é pra manter o "desequilíbrio"…

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